Como escolher um consultor para planejamento patrimonial?

Aprenda a escolher um bom consultor de planejamento patrimonial e evite decisões que prejudiquem seu patrimônio.

A maioria das pessoas leva anos para construção das suas reservas financeiras. É um exercício que exige trabalho, dedicação e muitas vezes implica em correr riscos ou até mesmo renunciar ao consumo a fim de poupar para o futuro. Escolher um bom consultor para planejamento patrimonial, portanto, torna-se uma decisão estratégica e pode fazer uma enorme diferença no longo prazo — tanto na proteção quanto no crescimento do seu patrimônio.

Coloque-se na seguinte situação: passar a vida inteira construindo o seu patrimônio e, numa segunda fase, ao finalmente começar a utilizá-lo, tomar decisões equivocadas em razão de um mau aconselhamento.

Pior que isso: imagine agora você nem ao menos conseguir acumular o patrimônio que teria potencial em virtude de escolhas equivocadas ao longo da sua jornada.

Embora ambas as situações acima sejam preocupantes, elas seguem se repetindo ao longo do tempo com inúmeras famílias. Muito das vezes em consequência de seguirem orientações que carecem de conhecimento especializado de qualidade.
Os erros que mais se repetem na escolha de investimentos ou aquisição de outros bens, dentre outros, destacam-se:

  • assumir riscos desnecessários ou fora do perfil de investidor;
  • ausência de um bom planejamento tributário e sucessório;
  • escolha de investimentos desalinhados aos objetivos e momento de vida;
  • não possuir um planejamento global que considere o patrimônio como um todo.

O ponto de reflexão aqui é o que leva um profissional de finanças a não considerar os pontos acima no planejamento financeiro dos seus clientes. Embora existam vários motivos, alguns têm estado em maior evidência nos últimos tempos. O mais temido deles está o desalinhamento do profissional com os interesses do cliente, ou seja, o conflito de interesses. Em novembro de 2024, a CVM criou a Norma 179, que traz transparência sobre a remuneração dos assessores de investimento.

Essa regra traz à luz a forma como os profissionais hoje são na sua grande maioria remunerados, que é por meio da comissão variável dependendo do produto que é distribuído. O mercado já vem se adaptando e já existem diversas empresas oferecendo o “Fee Fixo”, ou seja, a remuneração baseada nos investimentos financeiros que o investidor possui. Isso auxilia drasticamente na diminuição do conflito de interesses.

Entretanto, ainda assim, muitos assessores são remunerados por comissões dos produtos que recomendam. Segundo a CVM, mais de 60% dos investidores desconhecem os custos reais dos produtos que adquirem.

Um bom planejamento financeiro deve ser feito com o foco nas necessidades do investidor, e não na remuneração obtida.

Outro motivo comum é a escassez de profissionais habilitados a tratar de temas mais complexos e que vão além da recomendação de investimentos. Com a demanda crescente por pessoas no mercado financeiro, principalmente após o surgimento e crescimento das grandes corretoras, muitos profissionais acabam se “aventurando no setor”.

Com pouca ou nenhuma experiência de mercado, assessores, consultores e gerentes de banco, em alguns casos, com a exigência apenas da aprovação em uma certificação, já estão habilitados a apoiar clientes na tomada de decisão sobre assuntos que podem impactar muito as vidas de seus clientes.

Em síntese, os profissionais que atuam nesse mercado não lidam com dinheiro, investimentos ou patrimônio. Na verdade, esses profissionais causam impactos na qualidade de vida, segurança da família e na realização dos projetos e objetivos de seus clientes. Pensando nesse nível de relevância, destaquei alguns critérios e dicas práticas para te ajudar na escolha de um bom profissional:

1. Experiência e especialização

O que procurar: Alguém com vivência concreta em planejamento patrimonial, especialmente se você tem demandas mais complexas (ex.: sucessão patrimonial, criação de holdings, investimentos offshore, participação em empresas e imóveis).

Dica prática: Peça exemplos de casos atendidos ou de situações similares à sua.

2. Formação e certificações

Certificações desejáveis: CFP® (Certified Financial Planner), CEA e CGA

Complementares: Pós-graduações em Finanças, Direito Sucessório, Tributário ou Gestão Patrimonial.

3. Perfil multidisciplinar

Um bom planejamento patrimonial envolve aspectos:

  • Jurídicos (testamentos, holdings)
  • Tributários (eficiência fiscal)
  • Financeiros (alocação e proteção de ativos)
  • Familiares (harmonia e legado)
  • O ideal? Um consultor com equipe multidisciplinar ou boas parcerias (advogado, contador, planejador financeiro).

4. Transparência e alinhamento de interesses

Pergunte como ele é remunerado: honorários fixos (Fee Fixo mencionado anteriormente), por projeto ou percentual sobre ativos? Procure evitar assessorias que empurram produtos ou soluções com conflito de interesse.

Procure alguém que fale com clareza, sem jargões desnecessários.

5. Diagnóstico personalizado

Desconfie de soluções “de prateleira”. Um bom consultor vai:

  • Ouvir seu contexto e objetivos;
  • Fazer perguntas difíceis (família, saúde, sucessão, riscos, liquidez);
  • Entregar um plano adaptado à sua realidade.

6. Indicações e reputação

Busque recomendações de quem já passou por esse processo;
Verifique se o consultor tem boa reputação, participa de eventos, publica conteúdos etc.

7. Disponibilidade e acompanhamento

Um bom planejamento patrimonial não é um “evento”, e sim um processo contínuo.

Verifique se o consultor estará disponível para revisões periódicas e atualizações conforme sua vida evolui. Afinal, a execução e ajustes realizados ao longo do tempo são tão importantes quanto o planejamento inicial.

8. Boa capacidade de comunicação

Por fim, mas não menos importante, uma boa capacidade de comunicação é fundamental, principalmente, quando pensamos numa relação de confiança que rege a relação entre consultor e cliente. Não basta que o consultor tenha vasto conhecimento técnico sobre finanças e mercado, se não consegue traduzir isso de forma didática para o cliente. O bom comunicador consegue trazer tranquilidade para o cliente e extrair dele as informações necessárias para ser mais assertivo no seu trabalho.

Espero ter ajudado no entendimento de como uma boa consultoria pode gerar valor na sua vida, assim como saber escolher um consultor capaz de apoiá-lo no processo. Para demandas específicas e customizadas às suas necessidades, não deixe de nos consultar.

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