Explorando o Crescimento de Capital nas Carteiras de Investimento
Na última edição da Legado em Vida, abordamos como os fundos imobiliários podem desempenhar um papel importante na busca por retornos consistentes, especialmente para quem deseja fluxos de caixa regulares. Hoje, vamos mergulhar em outro pilar essencial da gestão de investimentos: o crescimento de capital. Este é o componente das carteiras que trabalha para expandir o patrimônio ao longo do tempo, com foco em equilíbrio, preservação do poder de compra e bom desempenho em diferentes tipos de cenários econômicos.
O que significa buscar crescimento de capital?
Em uma estratégia bem estruturada, os investimentos atendem a diferentes objetivos. Enquanto alguns ativos são escolhidos por sua capacidade de gerar fluxos de caixa recorrentes – como dividendos ou aluguéis –, outros têm a missão de fazer o patrimônio crescer de forma sustentável ao longo do tempo. Aqui na AMB, pensamos nessas duas funções como complementares: uma parte da carteira foca na recorrência de recebimentos, na maioria das vezes sendo usada como complemento de renda ao investidor, enquanto a outra, dedicada ao crescimento de capital, olha para o futuro, buscando ampliar o “bolo” do patrimônio.
O crescimento de capital é, portanto, o motor que impulsiona o crescimento da carteira. Seu propósito é combinar resiliência e estabilidade nos mais diferentes tipos de ambientes econômicos, tendo como objetivo principal a manutenção e a ampliação do poder de compra do patrimônio ao longo do tempo. Para isso, a estratégia envolve diversificação entre geografias – no Brasil e nos mercados internacionais – e uma seleção cuidadosa de classes de ativos que equilibrem risco e oportunidade.
Alocação no Brasil: oportunidades e desafios
No mercado brasileiro, a parcela destinada ao crescimento de capital reflete as particularidades da nossa economia, com o momento atual marcado pelo cenário de juros elevados. A alocação é pensada para capturar valor em um ambiente que, embora volátil, oferece recompensas para quem sabe navegar seus ciclos. Em ambientes assim, entre as classes de ativos exploradas, destacam-se:
- Renda Fixa Pós-Fixada: Títulos pós-fixados atrelados ao CDI performam bem em ambientes de juros altos, pois seu rendimento segue de perto a taxa Selic. Atualmente, com a taxa de juros ainda em um nível bastante acima da inflação, conseguimos um ganho real muito interessante.
- Renda Fixa de Inflação: Títulos como NTN-Bs (indexados à inflação) ou debêntures de empresas bem avaliadas ajudam a proteger o poder de compra e capturar taxas reais positivas, ainda com a possibilidade de ganhos adicionais no mercado secundário.
- Fundos Multimercado: Esses veículos oferecem flexibilidade para ajustar a exposição a diferentes ativos – ações, câmbio, renda fixa e commodities –, aproveitando a expertise de gestores para encontrar oportunidades em cenários variados, sejam eles economicamente positivo ou negativos.
Essa abordagem no Brasil busca equilibrar o risco inerente ao mercado doméstico com o potencial de retorno que ele oferece, priorizando alternativas mais conservadoras no mercado local.
Alocação offshore: diversificação global
Fora do Brasil, a estratégia de crescimento de capital ganha uma dimensão ainda mais ampla. A exposição a mercados internacionais naturalmente inclui a exposição a uma moeda forte, geralmente o dólar, reduz os riscos locais e permite o acesso a mercados mais desenvolvidos. As principais classes de ativos são:
- Ações Globais: Por meio do investimento internacional em ações, acessamos as melhores empresas do mundo nas geografias com maior potencial de crescimento e desenvolvimento.
- Renda Fixa Internacional: Usamos bonds internacionais como complemento à renda fixa no Brasil e como proteção para a parcela offshore do portfólio em períodos de desaceleração econômica.
- Commodities: Por meio de ETFs diversificados, nos expomos a commodities energéticas, agrícolas, industriais e a metais preciosos. É o veículo que nos defende em períodos de inflação em alta e nos beneficia em momentos de crescimento global.
- Ouro: Por meio também de ETFs, conseguimos exposição ao ouro. Ele serve como uma reserva de valor provada pelo tempo, nos defende tanto em períodos inflacionários quanto em ambientes deflacionários e serve também como proteção em momentos geopoliticamente desafiadores.
Portanto, a alocação offshore complementa a estratégia brasileira, trazendo diversificação geográfica e exposição a mercados mais maduros, o que ajuda a suavizar os impactos de eventos locais e a aproveitar oportunidades globais.
Uma visão de longo prazo
Seja no Brasil ou no exterior, a parcela de crescimento de capital é desenhada para performar bem em diferentes contextos – de crises a períodos de prosperidade. A diversificação entre classes de ativos e geografias reduz a volatilidade e protege contra imprevistos, enquanto a atenção à preservação do poder de compra garante que o patrimônio mantenha seu valor real ao longo do tempo.
Esse enfoque reflete uma filosofia de gestão que prioriza o equilíbrio: combinar ativos que ofereçam segurança com outros que busquem maior valorização, sempre com um olhar atento, principalmente, ao risco. É uma estratégia que exige paciência, mas que trabalha consistentemente para que o patrimônio cresça e se adapte às mudanças do mundo.