Essa citação de Charles D. Ellis é uma crítica direta à prática de market timing, ou seja, tentar prever os movimentos futuros do mercado para comprar na baixa e vender na alta. A frase destaca que, embora haja muitas tentativas por parte dos gestores de investimentos para acertar o momento certo de entrar ou sair do mercado, as evidências mostram de forma clara e consistente que essa estratégia falha na maioria das vezes.
Ellis, um dos grandes nomes do investimento institucional e defensor da gestão passiva, argumenta que tentar cronometrar o mercado é uma aposta arriscada e ineficiente. Ele acredita que, a longo prazo, uma estratégia de diversificação e disciplina, como o investimento passivo em índices de mercado (os famosos ETFs – falaremos mais disso), tende a superar as tentativas de “prever o futuro” que caracterizam o market timing.
Mas Charles não é o “lobo-solitário” nesse pensamento: o estudo SPIVA® (S&P Index Versus Active) é uma das principais fontes de dados que confirmam a afirmação acima sobre o fracasso do market timing e da gestão ativa em geral. Publicado semestralmente pela S&P Dow Jones Indices, o relatório SPIVA compara o desempenho de fundos de gestão ativa com seus respectivos benchmarks (índices de mercado), como o S&P 500, ao longo do tempo.
- 92% dos fundos de ações ativamente geridos nos EUA ficaram atrás do S&P 500 no período de 20 anos até o fim de 2023.
- Mesmo no horizonte de 5 anos, cerca de 75% dos fundos ficaram atrás do benchmark.
- Quanto maior o horizonte de tempo analisado, maior a porcentagem de fundos que perdem para o índice de referência.
Isso reflete o efeito cumulativo de erros de alocação, custos mais altos e tentativas malsucedidas de market timing.
Além disso, essa referência não se aplica somente ao EUA. Na imagem abaixo, retirado do estudo do SPIVA® América Latina, evidencia como fundos ativos, ao longo do tempo, vão perdendo a efetividade em bater o seu benchmark:
Hoje, portanto, trazer à mesa ETFs, que são os índices passivos, podem beneficiar você, investidor, com:
- Baixo custo: ETFs podem ter taxas administrativas muito baixas, semelhantes aos fundos de índice tradicionais.
- Diversificação instantânea: Um ETF de índice (como o que replica o S&P 500) oferece exposição ampla ao mercado com uma única compra.
- Acesso prático: São fáceis de comprar e vender, como uma ação, em qualquer corretora.
O mercado americano possui um mercado de ETFs esmagadoramente maior que o Brasil (3 mil vs 120!), mas as instituições brasileiras estão cada vez mais olhando esse cenário e melhorando nossa cesta de opções aqui. A Investo e Itaú Asset estão saindo na frente com diversas opções interessantes.
Novo ETF do Itaú que mistura o S&P500 e o IMAB5.
Sabemos quão ruim é passar por uma turbulência, olhar o mercado inteiro derreter e não fazer nada a respeito. O problema é que temos diversos estudos apontando, e trago mais um abaixo, agora do JP Morgan, onde perdendo apenas alguns dos melhores dias exposto ao índice S&P500 poderia ser devastador para a rentabilidade de longo prazo. E a ironia disso é que os melhores dias sempre estavam muito próximos dos piores dias.
Darei um exemplo exatamente do que aconteceu esse ano, com as incertezas das guerras tarifárias de Trump x Mundo. Do início do ano até meados de abril, tivemos uma queda de -15%:
Observando do início do ano até a data que escrevo aqui, o índice já conseguiu recuperar toda a queda que aconteceu:
Obviamente, se conseguíssemos aguardar o melhor momento para entrar no índice teria feito uma diferença significativa. O fato é, acompanhar ao longo de anos os momentos corretos não é nada trivial e fácil de realizar.
A diversificação é o fator mais determinante para alcançar os melhores resultados.